segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

8 de junho de 2007, 23:53


Ao lado do Perequê Praia Show tem um bar. O Perequê Praia Show fica no mesmo lugar onde antes era o Avelinos. Eu, na minha juventude, fui muito ao Avelinos. Já beijei muitas garotas no Avelinos. Algumas bonitas, outras feias e outras terríveis. Também já caguei no banheiro do Avelinos. Vomitei no banheiro do Avelinos. Já rolei pela escadaria do Avelinos. Já arrumei briga no Avelinos, mas nunca apanhei. Nem bati. Muito menos uma punheta. Entro no bar e peço uma cerveja. O bar tem cheiro de mijo de gato misturado com o cheiro da bosta fresca do meu pai. No som do bar tá rolando uma música que diz “baila, baila comigo, baila, baila, meu amor, rebola, mexe o umbigo, mostra todo o seu calor”, eu fico com calor, não por culpa da música, mas por culpa do próprio calor, que, infelizmente, existe. Eu quero ficar bêbado e já viro o primeiro copo que, evidentemente, não vai alterar bosta nenhuma no meu estado sóbrio, isso porque eu verti mais da metade do conteúdo sobre a minha camiseta. Umas meninas super-gostosas que estão sentadas em uma das mesas de plástico do bar começam a rir da minha cara. Eu começo a rir de mim mesmo e depois percebo que nada fará mudar o meu semblante de trouxa. Uma delas se levanta e vai até o balcão e pede uma pinga pura e, com a maior discrição e classe possível, externa um pequeno arroto que dá vontade de abrir boca e engolir esse eflúvio fedorento composto de torrada de alho e álcool puro expelido por essa deusa da volúpia...

Menina do arroto: “Oi.”
Eu, surpreso, claro: “Olá.” (Olá? Quem eu penso que sou? O Gene Kelly dançando na chuva? Ou um hippie colecionador de borboletas?)
Menina do arroto com um baita de um peitão: “Então, qual é o seu nome?”
Eu, surpreso, claro, com a mão suando, me sentindo culpado por estar de pau duro: “Francesco, é italiano.” (Italiano?)
Menina do arroto com um baita de um peitão cheio de sardas maravilhosas que tanto amo: “Nossa, italiano, sabe falar alguma palavra bonita em italiano?”
Eu, surpreso, claro, com a mão suando, me sentindo culpado por estar de pau duro, pensando na minha garota cortando o meu pênis e com uma puta vontade de cagar característica em ocasiões como essa: “Je taime.” (É, acho que mandei bem.)
Menina do arroto com um baita de um peitão cheio de sardas que tanto amo e com uma cara de contrariada: “Je taime não é francês?”
Eu, surpreso, claro, com a mão suando, me sentindo culpado por estar de pau duro, pensando na minha garota cortando o meu pênis e com uma puta vontade cagar característica em ocasiões como essa e me sentindo burro e reconhecendo, pelo menos internamente, o meu equívoco: “É? Ah, é verdade, é que eu falo tantas línguas... Francês, italiano, português, inglês e arranho mais algumas.” (Poliglota? Tu não sabe nem falar português. Aliás, quando era jovem, com vinte e um anos, ao invés de difamar, você falava diflamar. Pelo menos você não é igual ao seu primo Leleco, que acha que Lisboa é a capital da França, que escreve de repente junto e com dois erres, que pensou que Portugal ficava dentro dos Estados Unidos, que foi buscar o seguro-desemprego e ficou espantado “com o número de ‘anafabetos’ que existe no Guarujá, que acha que heterossexual é a mesma coisa que homossexual etc.)
Menina do arroto com um baita de um peitão cheio de sardas que tanto amo e com uma cara de contrariada e que tem o lábio mais carnudo que eu vi na minha, por enquanto, tortuosa existência com pitadas de alegria efêmera e satisfação fugaz, mas eu tenho o meu amor, eu te amo, meu amor, não amo esta garota gostosa que está na minha frente virando uma cachaça pura e pedindo a porra de um canudo e começando a chupar a porra do canudo e olhando com os seus olhos verdes que te quero verdes que é a escola em que o meu priminho estuda e eu não sei mais sobre o que estou pensando... isso deve ser alguma pegadinha ou algum quadro daquele programa do Ashton Kucher, que é aquele afortunado que come a Demi Moore: “Você deve ser um cara muito viajado, ou melhor, vivido. Tipo um andarilho, né, você deve ter passado por muitas loucuras, hein, gatinho?”
Eu, surpreso, claro, com a mão suando, me sentindo culpado por estar de pau duro, pensando na minha garota cortando o meu pênis e com uma puta vontade de cagar característica em ocasiões como essa e me sentindo burro e reconhecendo, pelo menos internamente, o meu equívoco e não sabendo o que dizer para a gostosíssima que acabou de me nomear o novo gatinho do pedaço. Então pensa o seu filho da puta miserável, não deixa a peteca cair, e lembre-se para nunca falar em voz alta não deixa a peteca cair, e nunca conte pra ninguém que o seu avô te chama de fanchona, e tente evitar essas digressões e chegue logo a uma conclusão sobre o que vai dizer para essa gostosa, porque agora você é um personagem mais vivido, mais viajado, mais cheio de si, mais roludo, mais sexy... Jamais mencione que o lugar mais longínquo que você viajou foi até o Paraguai, na época em que o ministro da economia era o Rubens Ricupero e que o dólar era um por um e foi uma época muito feliz na sua vida, claro, tirando aquele episódio do dia em que você perdeu a virgindade no meio do mato e foi atacado por uma gangue de saúvas e saiu correndo no mesmo estado de histeria e pânico dos atores, que são só atores, nada mais do que isso... eu sempre falo para a minha mina não sentir medo ao assistir filmes de terror, é tudo Ketchup e atuação, menos os filmes com o Daniel Day-Lewis, eu li em algum lugar que ele, de fato, encarna o personagem, até mesmo no seu dia-a-dia, dentro de casa, com a mulher e as filhas ou os filhos ou a filha ou só o filho ou só a mulher, que eu sei que ele tem e que eu conheço, não pessoalmente, mas através dos ótimos filmes que ela realiza, o nome dela é Rebecca Miller, filha do escritor e dramaturgo Arthur Miller, que fez A Morte do Caixeiro Viajante, Focus etc, inclusive, dizem que o Daniel, não o meu amigo, o Daniel Faísca, que é gordo e não é famoso, mas o Day- Lewis, assumia no seu dia-a-dia - tipo ir para a padaria, para o supermercado, tomar uma com os camaradas -, até mesmo aquele personagem que tinha uma puta força no pé esquerdo, eu não teria coragem, nem fudendo, de fazer aquilo que ele fazia no filme, por exemplo, dentro da escola, onde eu já era zuado mesmo sendo aparentemente normal. A não ser naquele período em que eu tinha o corte de cabelo do Xororó e as garotas riam da minha cara e, lógico, o tratamento não poderia ser diferente para uma pessoa que usava um cabelo daquela espécie e... Pára, pára, pára, agora só falta eu gritar ui!, agora é sério, no more digressiones, vamos ao que interessa: “Costumo dizer para as pessoas que eu não vivo, que eu me aventuro, sou louco por adrenalina. Não gosto de ficar em casa, tenho que curtir a minha vida, viver intensamente. Só estou aqui no Guarujá porque prometi visitar os meus pais. Mas, na semana que vem, estou embarcando para Londres com uns amigos, e depois vou dar uma passada em Amsterdã e ficar muito chapado, e depois eu vou para o Chile curtir um inverno sozinho, sem ninguém, alone in the dark, desculpe, às vezes misturo os idiomas, culpa das viagens ao redor do mundo...”
Menina do arroto com um baita de um peitão cheio de sardas que tanto amo e com uma cara de contrariada e que tem o lábio mais carnudo que eu vi na minha, por enquanto, tortuosa existência com pitadas de alegria efêmera e satisfação fugaz, mas eu tenho o meu amor, eu te amo, meu amor, não amo esta garota gostosa que está na minha frente virando uma cachaça pura e pedindo a porra de um canudo e começando a chupar a porra do canudo e olhando com os seus olhos verdes que te quero verdes que é a escola em que o meu priminho estuda e eu não sei mais sobre o que estou pensando, isso deve ser alguma pegadinha ou algum quadro daquele programa do Ashton Kucher, que é aquele afortunado que come a Demi Moore e ela agora solto um sorrisinho, nossa, que dentinhos lindos, branquinhos... Ah, não, já sei: deve ser uma prostituta. Meu Deus, eu sou o protótipo do cliente mais que perfeito. Lindo – tá, nem tanto -, bem sucedido eu não sou, mas o meu personagem aventureiro é. Ou seja, ela quer a minha pica e mais alguma grana e essas minas já transaram com todo mundo, com homens com as picas maiores que a do dramaturgo grego Micariontes Palaskprapanos, o fanfarrão, que habitava os sonhos de prazer da donzela Sócrates, e eu, com a minha humilde rôla - cuja inutilidade passada quase me obrigou a transformá-la em um excêntrico pingente -, com certeza irei praticar o mesmo tipo de sexo que, há uma década atrás, servia de consolo para o meu tédio eminente e cheio de espinhas que se chamava adolescência e que provavelmente deve ter sido um inferno muito maior do que a benga do Micariontes Palaskprapanos, o dramaturgo grego e fanfarrão e muso inspirador do filósofo inventor da pederastia, Sócrates: “Nossa, aventureiro, gostei. Olha, eu vou entrar na balada, mais tarde a gente se encontra, certo?”
Eu, surpreso, claro, com a mão suando, me sentindo culpado por estar de pau duro, pensando na minha garota cortando o meu pênis e com uma puta vontade de cagar característica em ocasiões como essa e me sentindo burro e reconhecendo, pelo menos internamente, o meu equívoco e não sabendo o que dizer para a gostosíssima que acabou de me nomear o novo gatinho do pedaço. Então pensa o seu filho da puta miserável, não deixa a peteca cair, e lembre-se para nunca falar em voz alta não deixa a peteca cair, e nunca conte pra ninguém que o seu avô te chama de fanchona, e tente evitar essas digressões e chegue logo a uma conclusão sobre o que vai dizer para essa gostosa, porque agora você é um personagem mais vivido, mais viajado, mais cheio de si, mais roludo, mais sexy... Jamais mencione que o lugar mais longínquo que você viajou foi até o Paraguai, na época em que o ministro da economia era o Rubens Ricupero e que o dólar era um por um e foi uma época muito feliz na sua vida, claro, tirando aquele episódio do dia em que você perdeu a virgindade no meio do mato e foi atacado por uma gangue de saúvas e saiu correndo no mesmo estado de histeria e pânico dos atores, que são só atores, nada mais do que isso, eu sempre falo para a minha mina não sentir medo ao assistir filmes de terror, é tudo Ketchup e atuação, menos os filmes com o Daniel Day-Lewis, eu li em algum lugar que ele, de fato, encarna o personagem, até mesmo no seu dia-a-dia, dentro de casa, com a mulher e as filhas ou os filhos ou a filha ou só o filho ou só a mulher, que eu sei que ele tem e que eu conheço, não pessoalmente, mas através dos ótimos filmes que ela realiza, o nome dela é Rebecca Miller, filha do escritor e dramaturgo Arthur Miller, que fez A Morte do Caixeiro Viajante, Focus etc, inclusive, dizem que o Daniel, não o meu amigo, o Daniel Faísca, que é gordo e não é famoso, mas o Day- Lewis, assumia no seu dia-a-dia - tipo ir para a padaria, para o supermercado, tomar uma com os camaradas -, até mesmo aquele personagem que tinha uma puta força no pé esquerdo, eu não teria coragem, nem fudendo, de fazer aquilo que ele fazia no filme, por exemplo, na escola, onde eu já era zuado mesmo sendo aparentemente normal. A não ser naquele período em que eu tinha o corte de cabelo do Xororó e as garotas riam da minha cara e, lógico, o tratamento não poderia ser diferente para uma pessoa que usava um cabelo daquela espécie e... Pára, pára, pára, agora só falta eu gritar ui!, agora é sério, no more digressiones, vamos ao que interessa. Eu sou um homem compromissado. Sempre busquei o amor. Eu chorei muito quando vi o filme Meu Primeiro Amor, no qual o Macaulay Culkin - não o Macaulay Crack, que é um conhecido meu e que tem este nome porque eu não preciso explicar e dá pra entender o porquê -, morre ao ser atacado por um enxame de abelhas assassinas e depois tem um enterro e a menina que o Macaulay tava começando a pegar e que tinha trocado o sangue com ele lá no começinho do filme e que não aceitava a antiga gostosa Jamie Lee Curtis como madrasta e que se divertia com o Macaulay andando de bike e zuando a velharada no bingo e que morava dentro de uma funerária com uma velha louca que era a sua avó e agora nem imagino aonde quero chegar com essa ladainha filha-da-puta.... ah, sei, a menininha que deu um selinho muito inocente no Macaulay, que é o mesmo muleke que fez o adorável menininho do Esqueceram de Mim e que conquistou o mundo e que estrelou, também, só que mais velho, e casado e mais drogado e com a carreira em baixa – não com a carreira da poeira, essa tava em alta -, o clipe do Sonic Youth, da música Sunday, que é música de bom gosto – bom gosto é o gosto de quem gosta de alguma coisa -, e que é dirigido pelo multifacetado artista chamado Harmony Korine, que é o mesmo cara que escreveu o roteiro do filme Kids, que é aquele filme polêmico que conta a história de um grupo de jovens skatistas e meninas vadias e loucas da cidade de Nova Iorque que ficam se drogando, andando de skate, transando sem camisinha, sem envolvendo em treta, dirigido pelo fotógrafo e velhote descolado chamado Larry Clark, que é o cara que, em 1971, lançou um livro de fotografias chamado Tulsa , que retratava o cotidiano dos viciados em heroína da cidade Tulsa e que influenciou o Martin Scorcese a fazer Táxi Driver e que influenciou o Francis Ford Coppola a fazer O Selvagem da Motocicleta e que influenciou o mundo da moda nos anos 80 com a tendência Heroin Chic, que quer dizer Heroína Chique, e a heroína é uma droga que te deixa alucinado e que serviu como tema do filme Transpotting, que é um filme escocês e que foi lançado um ano depois de Kids e foi considerado a resposta européia para Kids, e que, na verdade, é uma adaptação do livro Transpotting, do escritor escocês Irvine Welsh, que aparece no filme vendendo dois supositórios para o personagem principal que é o também escocês Ewan Mcgregor, que é o mesmo rapazote que estrelou Moulin Rouge com a Nicole Kidman, e que antes do Trainspotting havia feito Cova Rasa, que é um filme muito legal e que foi dirigido pelo mesmo diretor de Trainspotting, que é o Danny Boyle, que dirigiu também o Extermínio, que é um filme que mostra a cidade de Londres sendo tomada por zumbis e os zumbis saem perseguindo as pessoas que ainda não se tornaram zumbis e as pessoas que ainda não se tornaram zumbis saem correndo pelas ruas de Londres da mesma forma que eu corri da gangue de saúvas no triste episódio da perda da minha virgindade: “Certo.”

2 comentários:

the drummer disse...

caralho fui longe com este post...
O.O
que panguaria legal man!

Unknown disse...

Chapou!
Avelinos, Avelinos...