segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

IIIIIIIIIII exemplos desvairados do comportamento do cidadão empanturrado de ilusões perniciosas nas salas de cinema


U1M - A falta de ingenuidade é o modo mais preciso para se manter intacta a covardia que sintetiza o presunçoso sábio estabelecido.
DO2IS - Os asquerosos com asco de ingenuidade estão se preparando na fila da pipoca para desgraçar mais uma sessão de cinema que diz muito pra você e tão pouco pra eles.
TR3ÊS - Sentar na frente tornou-se regra circunstancial enquanto ser o primeiro da fila no ginásio pré-canto do hino nacional era o fim da carreira Pop sob os olhares daqueles que sempre foram os últimos da fila e, quinze anos depois, os primeiros mais bem remunerados em empregos onde a criatividade era o último requisito.
QUA4TRO - Leituras à parte, a deles não é e nem será a sua.
CI5NCO - Os responsáveis por monitorar a classificação indicativa (DEZE16SSEIS) são tão 171 e racionais que compreendem que os de QUAT14ORZE não verão sobretudo no verão longos longas reservados aos péssimos exemplares adultos que mesmo plastificados por súditos de Pitanguy tentam de todos os modos se igualar à frenética instabilidade púbere que arrotará de olhos fechados semicerrando de cólera os olhos interessadamente descortinados de emoção dos ingênuos sem meia-entrada.
SE6IS - “Legenda que cansa” é a legenda dos sem legenda que se pudessem dublariam a própria voz.
SE7TE - Os raros vaga-lumes existem aos montes em qualquer sala escura repleta de gente que se sente tão em casa que esquece que não está em casa – muito menos com razão em razão dos guinchos emitidos pelos vaga-lumes pré-pagos, sem crédito, sem limite, no limite...
OI8TO - O anti-cinéfilo esbelto com barriga de cerveja aconselha ao cinéfilo profissional travestido de homem e desconfortavelmente vestido em um sutil estrangulamento de gola olímpica: Criticar é o talento de reconhecer a si mesmo muito além do espelho.
NO9VE - A antipatia movida pela insuportável presunção telepática convertida em comentário em voz alta pelo tropel que assume o papel do ubíquo retarda(do)tário armado pelo esganiçado tom temperado com manteiga cremosa que por meio da prosa prosaica julga-se capaz de alterar o destino fatal do personagem principal.
D10EZ - Disparos mal empregados na carne de meia dúzia de mal educados incrédulos quanto à possibilidade de fomentarem a fúria alheia que agora jazem lacrados sem uma centelha de luz porém revigorados ao serem considerados pelos comuns como tristes vítimas da barbárie social perpetrada, excepcionalmente neste caso, pela mente impaciente do incipiente estudante de medicina que contrariou a sina do médico de somente fazer renascer da morte a chama dos afogados costumeiramente inadimplentes que não perdem a pose ao posarem frente a seus veículos importados que alimentam a sapiência do quão ridículas são as suas atitudes ao pousarem na superfície desnivelada das prestações que se acumulam, nas orgias arrivistas que os envolvem desde os tempos em que já se imaginavam adultos e livres dos sonhos tão característicos no cotidiano dos ingênuos sonhadores que tateiam muita vezes o vazio no vórtice a que chamamos de vida.
ON11ZE - Minha avó morreu, meu time perdeu, mas eu não chorei. Meu nome é Leonardo Marques, não pago de moderno, não uso Nextel, e esse é um pedaço da minha vida, não posso dizer que é um pedaço do meu mundo, porque se Deus acha que estou satisfeito com esse mundo, ele só pode estar chapado de ácido. Entretanto, se ele estivesse chapado de ácido, o mundo não seria essa bosta insignificante.

Gomorra – parte 2

O filme Gomorra, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e baseado no livro homônimo do escritor italiano Roberto Saviano, utilizou no Brasil a seguinte “frase para atrair otário”, ou seja, o slogan: “O Cidade de Deus italiano”. Contrariando a política do slogan, baseada na falácia criada por gente demente, a comparação, involuntariamente induzindo ao erro o escriba subjugado pelo dinheiro, resume com maestria o que é o filme - permita-me o contra-slogan: “O Cidade de Deus brasileiro é muito melhor”. Os especialistas tupiniquins em cinema, gente que cheira vinho antes de tomar e toma no cu sem nem sequer perguntar, aprovou o longa impalpável com os característicos adjetivos compostos por mensagens subliminares encimadas pelas tão temidas estrelinhas que antes atribuíam mérito e demérito ao comportamento das sempre borradas crianças no jardim de infância. Sérgio Rizo, da Folha de S.Paulo, escreveu: “Crime e suas convicções em estado bruto”. Tradução quase próxima da exatidão temporal: “Crime e suas convicções em estado tão bruto quanto um show do Tihuana”. Pedro Butcher, da Folha de S.Paulo, escreveu: “Máfia nua e crua”. Tradução quase simultânea: “Máfia nua e crua. Nua como a Martha, ex jogadora da seleção brasileira de basquete, em uma edição da Playboy na década de 90; saborosamente crua tal como um macarrão cru”. Inácio Araújo, também da Folha de S.Paulo, escreveu: “A Itália ressurge com força!”. Tecla Sap: “A Itália ressurge com força, tão forte que às vezes até dói”. Faço aqui o meu julgamento, e quem lê aqui o que escrevo espero que confie em mim, se não nada.
Quem já leu o livro (indicado neste blog como um ótimo presente de natal) e não viu o filme, esqueça o filme.
Quem viu o filme e ainda não leu o livro, leia o livro.
Quem já leu o livro e viu o filme, sabe bem do que estou falando.
Quem já leu o livro e viu o filme e não “sabe bem do que estou falando”, não leu o livro.

Shake Bong, Bong, Shake Bong, Bong

Coitado do Michael. Phelps. Foi traído pelo inimigo, porque aquilo não é amigo, amigo bafora junto, que filmou o “campeão” fumando da planta que assaltante de banco não faz usufruto na hora do expediente. Cagou geral. A hipocrisia é tanta que até jornalista deu pra criticar a atitude do cara, como se jornalista fosse exemplo máximo de comportamento politicamente correto. E politicamente correto não fosse exemplo máximo de comportamento de político. E político não fosse símbolo máximo de hipocrisia. E hipocrisia não fosse a característica máxima de jornalista cocainômano.

Déjà vu bumerangue

Há dez anos atrás, ou mais, o meu vizinho Marcelo, o popular Teo, antes de ficar louco, e depois de pegar a Carolzinha, fato que causou incredulidade e fúria por parte dos outros punheteiros da rua, emprestou uma VHS do Show do Bob Marley para um cara chamado Brodey – desconfio que lá na terra onde fora criado, na Paraíba, pensaram em chamá-lo de brother, mas não sabiam que brodey não é brother. Meses depois, faminto pela saudade que a falta da voz de Bob Marley provoca enquanto transcorre o ritual da chapação, Marcelo foi buscar sua VHS, com um visível traço de impaciência revelado pelo punho esquerdo cerrado tal como um cofre de uma eminente família judia, na casa de Brodey (será que não pensaram na Broadway?). Chegando lá, tocou a campainha, ou não tinha campainha?, que seja, bateu palmas, gritou o nome de Brodey, até que ele apareceu, como, eu não sei, eu não estava lá, só me contaram a história, aí Marcelo disse, Fala, Brodey, beleza? Brothey respondeu, Fala, Marcelo, beleza? Marcelo prosseguiu, Fala, Brodey, beleza? Brodey abraçou a causa, Fala, Marcelo, beleza? E depois de meia hora nessa troca de gentilezas estúpida, Marcelo finalmente fez o seu pedido, Brodey, tu pode devolver a minha fita do Bob? Ao que Brodey respondeu, Claro, cara, peraí. Depois de cinco minutos, Brodey voltou e disse, Taí, cara, entregue. Marcelo agradeceu, Pô, cara, valeu, estava com saudades desta fita, e emendou, E aí, curtiu a fita? Então Brodey continuou o diálogo, Porra, cara, Bob Marley é foda, né, o cara é o mestre. Para dar um fim na conversa, longe de imaginar o que viria a seguir, Marcelo disse, Pode crer, Brodey, pena que ele morreu. Brodey, branco com o comentário, branco como o Abedi Pelé, soltou essa: Bob Marley Morreu?
Usei essa história babaca apenas para fazer uma analogia de uma situação que ocorreu no último sábado, dia 7 de fevereiro. Estava deliciosamente refestelado na minha cadeira de praia reclinável, sob um sol de quarenta graus, lendo a Folha de S.Paulo, costumeiramente contrariado com o universo e com as pessoas que escrevem sobre o universo, prestes a jogar todas aquelas folhas que sujam os dedos pro alto, quando me deparei com uma informação que me deixou tão espantado, ou mais, ou menos, sei lá, quanto o desafortunado Brodey: David Foster Wallace morreu, e no ano passado, e eu nem sabia - todo mundo tem o dia de Brodey que merece.





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