Tudo É Albino Menos Rebeca tem o prazer de veicular a vocês, na íntegra, a lista de “melhores do ano de 2008” do magnânimo mestre incorruptível do comportamento mundano brasileiro (o notável malabarista da foto acima). O especialista estupefato de tanta boiolagem e falta de talento revolucionário no mundo das artes, da moda e do ativismo social. Falo da sagacidade incutida em um espécime que usa pochete camuflada, camiseta regata de salva-vidas e a tatuagem, “marcada a ferro e fogo por um negão viril e virulento”, que ilustra a imagem de um camaleão (ou escargot) tentando sair com vida de um suculento caldo verde aquecido em demasia por uma velha leprosa assassinada em um dos episódios do “pré L World” (paralelo traçado de forma genial pelo nosso mestre) Xena, A Guerreira Chumacenta, que nada mais é que uma metáfora que sintetiza a agonia resoluta do “ser” guerreiro tentando desgarrar-se dos obstáculos impostos pela mediocridade da fauna que pega ônibus e pronuncia frases do tipo: “e aí, mano, qué fazê um dread?”, nas ruas nubladas e caóticas do centro de São Paulo, em frente à Galeria do Rock. Pois bem, o nome da divindade que espirra farpas apocalípticas contra os seus inimigos e elogios cândidos e ternos àqueles que merecem, é, nem seria necessário apresentá-lo, citado constantemente como influência perene por nomes do calibre de Nelson Motta, do saudoso devasso Nelson Rodrigues, Nelson Piquet, Nelsinho Piquet, Willie Nelson, Nelson Mandela, Nelson Ned, a banda farofa Nelson, o falecido Athayde Patrese, Clodovil, Leda Nagle, Ronaldo Esper, Sílvio Lancellotti, a “fofa” Ofélia, Cheech and Chong, Chicholina, Madame Bovary (que mesmo depois de morta fez questão presenteá-lo com um bolo encimado por uma calcinha suja de feno no seu trigésimo aniversário), Paulo Coelho, o Coelho da Páscoa, Emerson and Lake (o Palmer não vai muito com a cara dele), Emerson Leão, Leão Lobo, o Rei Leão, o Leãozinho, Miguel Falabella, Cissa Guimarães, o excelente filho de Cissa Guimarães que interpretava um péssimo ator no guia jovem do “faz de conta que é assim” Malhação, Carlos Eduardo Miranda, o ex-jogador de futebol Mirandinha, Sula Miranda, Miranda July, Orson Wells, Homero, Homer Simpson etc.
Inclusive, vem à lembrança o jornalista Fábio Massari, que, em 1998, realizou uma histórica entrevista com o nosso Deus da onisciência, na qual a perspicácia emanada por cada questionamento levantado pelo nosso guru me fez largar o emprego de tosador na clínica veterinária da minha tia Marluce (Gene Simmons com dois seios moles parecidos com dois sacos de cimento duros para os mais chegados) e adentrar com tudo no mundo do “está tudo bem viver como vagabundo”. Veja o trecho da entrevista que iluminou a minha antes lúgubre existência.
Fábio Massari: qual é a importância de Bob Dylan na história da música pop?
Nosso Deus: quem é Bob Dylan?
Fábio Massari: foi o grande responsável pela popularização da música folk.
Nosso Deus: quem é folk?
Adolf Gandhi Mascarenhas, nome artístico que burla o verdadeiro, Zé Tó, nasceu em Barra do Una, litoral sul de São Paulo, no dia 11 de setembro de 1941. O primeiro disco que fez a sua cabeça foi um frisbee lançado equivocadamente por um índio conhecido nas redondezas como Pão de Queijo. “Depois do incidente, Zezinho mudou, ficou louco, dizia que era um xamã em forma de guri”, disse a mãe de Adolf ou Gandhi ou Mascarenhas ou Zé ou Tó, dona Puritana, em uma rara entrevista que deu para um jornal qualquer que até hoje ninguém nunca leu, que de puritana não tem nada, pois anda pelada desde os 13 anos de idade, período em que deu à luz ao nosso pequeno iluminado e começou a se prostituir de graça em troca apenas de dois minutinhos para poder jogar com o seu parceiro de ocasião, segundo ela, “uma partidinha da maior invenção do homem: o ludo”.
O Messias dos relés diletantes das artes fugiu de casa aos 4 anos de idade e voltou dois minutos depois porque esqueceu que ainda não sabia andar. (Só de costas, antecipando o moonwalker.)
O interesse pelo universo artístico veio até ele graças à indescritível personalidade fora de forma de seu anjo da guarda e babá sexual, Pão de Queijo. “Pão de Queijo foi meu parceiro na vida, o meu parceiro no crime, o meu Compadre Washington, o meu Rio Negro, ou meu Solimões, não sei quem canta naquela merda mesmo... o meu Sullivan, o meu Maçadas, o meu centroavante impetuoso, o meu Milli, o meu Vanilli, o aplicador de vaselina, o perpetrador de vasilhame, o meu irmão, o meu cachorro, a minha cadela, o meu patrão, o meu parceiro na felação...”, desabafa com a característica eloqüência o nosso enfant terrible tupiniquim.
Aos 11 anos, já barbado e pai de dois filhos, foi apresentado à literatura, mas, como disse em seu quadragésimo segundo livro, o polêmico “Roda a baiana, Mascarenhas”, deu um tremendo azar. “Irmãos Karamazov foi muito pra mim. Desde então, não quero ler mais porra nenhuma. Só a coluna do Macaco Simão. E, para ser sincero, não passei nem do expediente do Irmãos Karamazov. O que já é muita coisa, pelo menos para uma pessoa como eu, assim, loucão.”
Em 1960, Pão de Queijo morreu em decorrência do vírus mais traiçoeiro e indestrutível da história das civilizações: vítima da moda... hippie. “Morreu de frio, o coitado, pelado, eu abanando o seu rabo, mimado, Pão de Queijo, bizarro belo de chinelo de folha de bananeira, quisera ele aprender a falar à modernidade, sinceridade, malandro desonesto com bom coração, pidão, cão de guarda dos sensibilizados, te traço, pão estragado à espera dos urubus cintilantes enviados pelo diabo de mamilo grosso, com cheiro de bosta, carnificina, gatinha, me dá um cigarro, mentolado, melado, sua saliva na minha, bonga, bongô, sarapatel, cansei!”, disse Zé Tó, em tom poético, em sua histórica aparição no programa Roda Viva, em 1987, a única edição do programa que apontou zero pontos no ibope, zero entrevistadores, zero apresentadores, zero câmeras, pra falar a verdade, ele nem foi ao Roda Viva, é tudo mentira, ou melhor, “intervenção artística”.
Após a morte de Pão de Queijo, Adolf foi embora, quis se aventurar na cidade grande, e foi parar em São Luis do Paraitinga. De onde jamais saiu. Passa seus dias ao léu, pois mora na rua, a pintar os seus quadros incompreensíveis e afamados, como “Espirro de Jó” e “Pollock uma ova!”. Escreve dez livros por mês – poesias, ensaios, romances, contos, quadrinhos, impropérios –, todos em um dialeto particularíssimo: “O Analfabetismo Intelectual”. Hoje, aos 67 anos, está enterrado na própria genialidade. Quer ver o mar, mas não sabe nadar.
Agora, imaginem a minha surpresa quando, no dia 11 de novembro deste ano, bem no horário do Programa da Yone Borges, Pra Você, lá pela uma da tarde, recebi pelas mãos de minha funcionária, Consuelo Leandro, um envelope tingido por letras garrafais negras no qual se sobressaia o seguinte título: “Me aduda”. Abri, me espantei pela densidade de informação, 174 páginas, não entendi merda alguma do que estava escrito, só a saudação final, “Miu Beijos, de Adolf Gandhi Mascarenhas, mi deisa esclevê a lixta de miori du ani no Tuidi Hein Albínu Minu Rebiqui, puin fuvou, vayii”.
Claro, mestre, claro, é uma honra pra mim.
Os Melhores Do Ano por Adolf Gandhi Mascarenhas
Melhor livro de 2008: Soldados Não Choram – A Vida de Um Casal Homossexual no Exército do Brasil – de Roldão Arruda e Fernando Alcantara Figueiredo.
Melhor disco internacional: Live in Churrascaria Rei de Pelotas, Double You.
Melhor disco nacional: O que Se leva da Vida É a Vida que Se Leva, Túlio Dek.
Melhor filme nacional: O Guerreiro Didi e a Ninja Lili, de Marcus Figueiredo.
Melhor filme internacional: My Blueberry Nights (ou Beijo Roubado), de Wong Kar Wai.
Melhor cantor nacional: Egypcio, do Tihuana.
Melhor cantora nacional: Karine Carvalho, na música Tatuí, do 3 Na Massa
Melhor cantor internacional: Khaled
Melhor cantora internacional: Scarlett Johansson
Melhor show nacional: Cláudio Zoli, no Festival de Inverno de Campos de Jordão.
Melhor show internacional: Double You e Holiday On Ice.
Gênio musical de 2008: Vinny, Biafra, Cláudio Zoli e Gilliard.
Melhor retorno de 2008: banda Yahoo
Melhor ator nacional: Jacaré, Turma do Didi.
Melhor atriz nacional: Livian Aragão.
Melhor ator internacional: Rodrigo Santoro.
Melhor atriz internacional: Norah Jones.
Melhor minissérie nacional: Haru e Natsu – As Cartas Que Não Chegaram, de Sugako Hashida.
Melhor novela do ano: os Mutantes – Caminhos do Coração.
Mulher mais sensual de 2008: Leci Brandão.
Homem mais sensual de 2008: Vange Leonel.
Silhueta do ano: Ed Motta.
Musa teen de 2008: Suzana Vieira.
Muso teen de 2008: Ferrugem.
Revolucionário do ano: Tico Santa Cruz.
Casal do Ano: Conrado e Andrea Sorvetão.
Jornalista do ano: Brito Júnior e Sônia Abrão.
Comentarista político do ano: PA, ex-Big Brother.
Melhor programa humorístico: Linha de Passe, da ESPN Brasil.
Figura impoluta do ano: Lobão.
Melhor apresentador do ano: Lobão.
Político do ano: Lobão.
Atleta do ano: Perdigão, volante do Corinthians.
Frase do ano: “Eu gostaria muito de produzir o Foo Fighters. Acho que eles rendem pouco em estúdio e, com a minha presença, eu daria mais consistência ao som deles”, discurso do produtor Rick Bonadio, em entrevista à MTV.
Artistas que deveriam retornar em 2009: a banda Lagoa e o grupo Loucomia.
Inclusive, vem à lembrança o jornalista Fábio Massari, que, em 1998, realizou uma histórica entrevista com o nosso Deus da onisciência, na qual a perspicácia emanada por cada questionamento levantado pelo nosso guru me fez largar o emprego de tosador na clínica veterinária da minha tia Marluce (Gene Simmons com dois seios moles parecidos com dois sacos de cimento duros para os mais chegados) e adentrar com tudo no mundo do “está tudo bem viver como vagabundo”. Veja o trecho da entrevista que iluminou a minha antes lúgubre existência.
Fábio Massari: qual é a importância de Bob Dylan na história da música pop?
Nosso Deus: quem é Bob Dylan?
Fábio Massari: foi o grande responsável pela popularização da música folk.
Nosso Deus: quem é folk?
Adolf Gandhi Mascarenhas, nome artístico que burla o verdadeiro, Zé Tó, nasceu em Barra do Una, litoral sul de São Paulo, no dia 11 de setembro de 1941. O primeiro disco que fez a sua cabeça foi um frisbee lançado equivocadamente por um índio conhecido nas redondezas como Pão de Queijo. “Depois do incidente, Zezinho mudou, ficou louco, dizia que era um xamã em forma de guri”, disse a mãe de Adolf ou Gandhi ou Mascarenhas ou Zé ou Tó, dona Puritana, em uma rara entrevista que deu para um jornal qualquer que até hoje ninguém nunca leu, que de puritana não tem nada, pois anda pelada desde os 13 anos de idade, período em que deu à luz ao nosso pequeno iluminado e começou a se prostituir de graça em troca apenas de dois minutinhos para poder jogar com o seu parceiro de ocasião, segundo ela, “uma partidinha da maior invenção do homem: o ludo”.
O Messias dos relés diletantes das artes fugiu de casa aos 4 anos de idade e voltou dois minutos depois porque esqueceu que ainda não sabia andar. (Só de costas, antecipando o moonwalker.)
O interesse pelo universo artístico veio até ele graças à indescritível personalidade fora de forma de seu anjo da guarda e babá sexual, Pão de Queijo. “Pão de Queijo foi meu parceiro na vida, o meu parceiro no crime, o meu Compadre Washington, o meu Rio Negro, ou meu Solimões, não sei quem canta naquela merda mesmo... o meu Sullivan, o meu Maçadas, o meu centroavante impetuoso, o meu Milli, o meu Vanilli, o aplicador de vaselina, o perpetrador de vasilhame, o meu irmão, o meu cachorro, a minha cadela, o meu patrão, o meu parceiro na felação...”, desabafa com a característica eloqüência o nosso enfant terrible tupiniquim.
Aos 11 anos, já barbado e pai de dois filhos, foi apresentado à literatura, mas, como disse em seu quadragésimo segundo livro, o polêmico “Roda a baiana, Mascarenhas”, deu um tremendo azar. “Irmãos Karamazov foi muito pra mim. Desde então, não quero ler mais porra nenhuma. Só a coluna do Macaco Simão. E, para ser sincero, não passei nem do expediente do Irmãos Karamazov. O que já é muita coisa, pelo menos para uma pessoa como eu, assim, loucão.”
Em 1960, Pão de Queijo morreu em decorrência do vírus mais traiçoeiro e indestrutível da história das civilizações: vítima da moda... hippie. “Morreu de frio, o coitado, pelado, eu abanando o seu rabo, mimado, Pão de Queijo, bizarro belo de chinelo de folha de bananeira, quisera ele aprender a falar à modernidade, sinceridade, malandro desonesto com bom coração, pidão, cão de guarda dos sensibilizados, te traço, pão estragado à espera dos urubus cintilantes enviados pelo diabo de mamilo grosso, com cheiro de bosta, carnificina, gatinha, me dá um cigarro, mentolado, melado, sua saliva na minha, bonga, bongô, sarapatel, cansei!”, disse Zé Tó, em tom poético, em sua histórica aparição no programa Roda Viva, em 1987, a única edição do programa que apontou zero pontos no ibope, zero entrevistadores, zero apresentadores, zero câmeras, pra falar a verdade, ele nem foi ao Roda Viva, é tudo mentira, ou melhor, “intervenção artística”.
Após a morte de Pão de Queijo, Adolf foi embora, quis se aventurar na cidade grande, e foi parar em São Luis do Paraitinga. De onde jamais saiu. Passa seus dias ao léu, pois mora na rua, a pintar os seus quadros incompreensíveis e afamados, como “Espirro de Jó” e “Pollock uma ova!”. Escreve dez livros por mês – poesias, ensaios, romances, contos, quadrinhos, impropérios –, todos em um dialeto particularíssimo: “O Analfabetismo Intelectual”. Hoje, aos 67 anos, está enterrado na própria genialidade. Quer ver o mar, mas não sabe nadar.
Agora, imaginem a minha surpresa quando, no dia 11 de novembro deste ano, bem no horário do Programa da Yone Borges, Pra Você, lá pela uma da tarde, recebi pelas mãos de minha funcionária, Consuelo Leandro, um envelope tingido por letras garrafais negras no qual se sobressaia o seguinte título: “Me aduda”. Abri, me espantei pela densidade de informação, 174 páginas, não entendi merda alguma do que estava escrito, só a saudação final, “Miu Beijos, de Adolf Gandhi Mascarenhas, mi deisa esclevê a lixta de miori du ani no Tuidi Hein Albínu Minu Rebiqui, puin fuvou, vayii”.
Claro, mestre, claro, é uma honra pra mim.
Os Melhores Do Ano por Adolf Gandhi Mascarenhas
Melhor livro de 2008: Soldados Não Choram – A Vida de Um Casal Homossexual no Exército do Brasil – de Roldão Arruda e Fernando Alcantara Figueiredo.
Melhor disco internacional: Live in Churrascaria Rei de Pelotas, Double You.
Melhor disco nacional: O que Se leva da Vida É a Vida que Se Leva, Túlio Dek.
Melhor filme nacional: O Guerreiro Didi e a Ninja Lili, de Marcus Figueiredo.
Melhor filme internacional: My Blueberry Nights (ou Beijo Roubado), de Wong Kar Wai.
Melhor cantor nacional: Egypcio, do Tihuana.
Melhor cantora nacional: Karine Carvalho, na música Tatuí, do 3 Na Massa
Melhor cantor internacional: Khaled
Melhor cantora internacional: Scarlett Johansson
Melhor show nacional: Cláudio Zoli, no Festival de Inverno de Campos de Jordão.
Melhor show internacional: Double You e Holiday On Ice.
Gênio musical de 2008: Vinny, Biafra, Cláudio Zoli e Gilliard.
Melhor retorno de 2008: banda Yahoo
Melhor ator nacional: Jacaré, Turma do Didi.
Melhor atriz nacional: Livian Aragão.
Melhor ator internacional: Rodrigo Santoro.
Melhor atriz internacional: Norah Jones.
Melhor minissérie nacional: Haru e Natsu – As Cartas Que Não Chegaram, de Sugako Hashida.
Melhor novela do ano: os Mutantes – Caminhos do Coração.
Mulher mais sensual de 2008: Leci Brandão.
Homem mais sensual de 2008: Vange Leonel.
Silhueta do ano: Ed Motta.
Musa teen de 2008: Suzana Vieira.
Muso teen de 2008: Ferrugem.
Revolucionário do ano: Tico Santa Cruz.
Casal do Ano: Conrado e Andrea Sorvetão.
Jornalista do ano: Brito Júnior e Sônia Abrão.
Comentarista político do ano: PA, ex-Big Brother.
Melhor programa humorístico: Linha de Passe, da ESPN Brasil.
Figura impoluta do ano: Lobão.
Melhor apresentador do ano: Lobão.
Político do ano: Lobão.
Atleta do ano: Perdigão, volante do Corinthians.
Frase do ano: “Eu gostaria muito de produzir o Foo Fighters. Acho que eles rendem pouco em estúdio e, com a minha presença, eu daria mais consistência ao som deles”, discurso do produtor Rick Bonadio, em entrevista à MTV.
Artistas que deveriam retornar em 2009: a banda Lagoa e o grupo Loucomia.
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