segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pesadelo em Limeira - O dia em que a esperança morreu logo na chegada - Parte 5

A história de um breve romance indie cheio de putaria grudenta - Parte 3

Rick tinha 20 anos. Cristina tinha (X) anos. E isso já diz quase tudo. Não tudo. Esperem. Mas eles nunca tinham se visto. E depois de tudo que fizeram, e de tudo que poderiam ter feito, eles nunca mais se viram. Assim. Rick não sabia que a sua vida, depois de tudo que fizeram, e de tudo que poderiam ter feito, iria mudar para sempre. Atingir um prisma muito particular. Muito. Após a fatalidade deliberada, como se tivesse planejado o próprio assassinato, ou um sexo oral em si mesmo, nós, eu e os outros próximos, nunca mais olhamos para Rick do mesmo jeito. A partir da hecatombe, a partir do passo em falso consciente, ao desligar a chave da ponderação, do amor próprio, de pichar o muro da própria casa, de adulterar o combustível do próprio veículo, de bagunçar com a própria língua o glacê do bolo, percebemos que ele era capaz de fazer qualquer coisa para chamar a atenção. Para depois ficar bravo. Com as nossas risadas, nossos aplausos, nossos corredores poloneses sarristas, nossas ligações notívagas a olhos astronauticos sonolentos que estavam em outro planeta portanto não havia como visualizarem o estupro terráqueo, nossas pétalas de flores mortas jogadas no ar enquanto ele desfilava a contragosto, sorvendo o gosto metálico da própria insanidade, nos culpando por não apreciarmos o seu autoflagelo, um escravo de si mesmo, uma vítima da própria fama, arranhou barrigas com raiva, tirou sangue gelado de amigos que perdiam os dias para ganhar uma vaga para sexo em alguma faculdade longe de casa, ignorou a nossa piedade de não contra-atacar, um réu não confesso que foi pego em flagrante. Ele me culpa por tudo. Eles me culpam por tudo. Dizem que fui eu que criei o monstro. Mas eu sei o nome disso: inveja. Eu trocaria todos os lugares certos nas horas certas pelo lugar certo na hora certa que foi imposto a mim. Será? Será que a minha história é fantasiosa? Será que a fantasia pode ser real? Como faz? Como faço?

Rick, torça para que nenhum de nós esteja insensivelmente bêbado ao fazer um brinde especial na sua futura festa de casamento.

Em algum sábado de junho de 2004

Era sábado.

E os meus sábados em 2004 eram segundas para pessoas com sábados.

Livre, desimpedido e refém de mim mesmo.

Mesmo.

Refém do Nestor.

Do Telmo.

Ambos meus reféns.

Ambos reféns de si

Mesmo.

Não é novidade.

E nós.

Nos conformamos com as limitações da nossa

Própria miséria.

Veja só.

Nós comíamos bem.

Telmo não comia tão bem como come hoje.

Veja só.

Comíamos comida.

E só.

Já me viu?

Não sabe.

No cinema sozinho assistindo ao filme Invasões Bárbaras.

Chorei.

Ninguém viu.

Sozinho.

Sessão de sábado 13h45.

Almoço no MEC.

Donald’s.

“Dois queijos quentes, uma batata-frita grande e uma Coca-Cola média.”

Esses eram os melhores sábados.

Kill Bill foi assim.

Saía da faculdade.

Aulas no sábado.

Primeiro semestre.

Autodescoberta que alguma coisa que nunca vi dormia em mim.

Doença?

Ainda faltava um mês e meio para eu começar a pegar uma pá.

De mina.

(S.)

Ia a pé.

Canal 1 até o Canal 6.

Flanava, via, gostava e voltava.

Limbo?

Eu gostava de todos os filmes que via no cinema porque eu só ia ao cinema para assistir aos filmes que sabia que ia gostar.

Nem tudo precisava ter decepção.

Nós íamos ao cinema juntos.

Rodízio de pizza juntos.

Enquanto todos vocês transavam.

Por aí.

Os piores sábados não vinham e iam a pé.

Eram guiados por um Kangoo-motel:

Sem clientela.

Cardápio:

Cara amassada das 6:00.

Sinais incipientes de abuso alcoólico.

Papadas e semblante de surra.

Pré-Sábado abusivo:

Cachaçarias e festas em quitinetes.

Nada de sexo.

Cinebiografia do Cazuza

Em televisores penteadeira.

Papel de Anais Nin e do MST

Na sociedade de consumo.

Faltava uma arma de fogo.

Na boca.

Ou uma tesoura para cortar a rede da sacada.

Ou as orelhas.

Balsa.

Nestor ficava na Conselheiro Nébias.

Eu:

Canal 1.

Volta.

Eu saía do Canal 1.

Nestor saía da Conselheiro.

Autodescoberta que alguma coisa que nunca viu dormia em Nestor.

Doença?

Balsa.

Passada na locadora.

Talvez o ponto alto

Dos sábados mais baixos

No meu infame ibope.

O Tempo de Cada Um,

de Sophia Miller.

Conte Comigo,

de Kenneth Lonergan.

À noite Rocambole passava duas horas nos enrolando até de fato passar de fato. Rocambole de 2004 não era tão rocambolesco como o Rocambole atual.

Vectra azul marinho quatro portas dois ponto zero farol claro.

Som potente quase sempre Outkast fase Speakerboxxx/The Love Below.

“Rola de novo Church!”

“Rola de novo Church!”

“... novo Church!”

“Church!”

Prova de Amor,

de David Gordon Green.

Um giro de 360 graus na entrada da Lucky Scope.

“Entrar pra quê?”

“Nós só vamos perder dinheiro de novo

e arrumar outra briga por frustração.”

Irreversível,

de Gaspar Noé.

Dois giros de 360 graus na entrada da Lucky Scope.

“Olha aquela mina.”

“Olha aquela mina.”

“Vamo entrá?”

“Olha aquela.”

“Semana que vem não tem jeito.

Combinado?

Nós vamo entrá!”

Amar é: Claque!

Lucky Scope é: Claque!

Lucky Scope era:

“não”,

“não”,

dança,

“apavora o gordinho”,

“apavora o gordinho”,

“Eu to suando pra caralho!”

“Arranca o telhado.”

“não”,

“uma breja”,

“outra breja”,

“mais uma”,

“mais duas”,

“mais cinco”,

“O gordinho caiu,

o gordinho caiu”,

“mais... mais... mais...”,

“Que música é essa?”

“olha a conta”,

“Quê?”,

“E essa?”

“O Rocambole arrumou briga com um japa”,

“Quê?”

“Olha a fila pra pagá a conta!”

“Quê?”

“Olha a fila pra usá o banheiro.”

“Quê?”

“Eu não conheço nenhuma música nessa porra!”

“Eu não podia te ficado em casa?!”

“Aquela mina que pagou de gatinha lá dentro tá no ponto de ônibus.”

“Vai de 77 memo sua filha duma puta!”

Cabeça Grávida de Trigêmeos disse na fila que “a mina ali falou que eu pareço o Erick Marmo”.

Sei.

Solitário Jim,

de Steve Buscemi.

“Vamo rodá o Tombo de carro.”

“E depois?”

“Astúrias.”

“E?”

“Pitangueiras.”

“Não tem ninguém no Tombo.”

“Não tem ninguém nas Astúrias.”

“Diminui, diminui,

Para, porra, para,

Olha aquelas mina ali,

Leonardo, põe a bunda pra fora do vidro do carro,

Rocambole, pede informação, caralho, pede informação”,

“Já vo, porra!”

“Eu já to com a bunda pra fora...

Vai logo, caralho!, tá chuviscando na minha bunda.”

“Cala a boca, Rick, não deixa o Rick abordá.”

“Ééeeee, o Rick queima o filme.”

“Oi, por favor, vocês podem me dá uma informação?”

“Shhhhhh, elas tão vindo...”

“Oi.”

“Tudo bom?”

“Tudo.”

“Por favor, você sabe como eu faço pra chegá

Até o clube Vila Souza?”

“Então, você vira à... ahhhh, nãaaao, que nojo!”

O Mundo de Leland,

de Matthew Ryan Hoge.

O Último Beijo,

de Gabriele Muccino.

Eu queria descobrir o que eles viam quando olhavam pra fora.

O que eles viam em si quando olhavam pra fora.

Será que Nestor já estava imaginando como seria ficar apaixonado?

Será que Elisa já estava crescendo dentro dele?

Será que Elisa já o fazia ‘crescer’?

Quem é Elisa?

Peraí, só mais uma coisa: ela existe?

Telmo meio que enlouqueceu quando foi pra faculdade.

Continuou não pegando ninguém,

Mas decorou todas as músicas do Chiclete com Banana

E passou a usar constantemente uma camiseta da Faculdade Metodista abóbora

Na qual se lia a exortação: Toda Poderosa Metô.

Heróis Imaginários,

de Dan Harris.

Ele se considerava um Metoloko.

Os Metolokos reuniam-se em micaretas,

usavam bandanas estampadas

E se divertiam pegando gordas suadas em público.

Eles iam para o JUCA encher a cara com vodka barata

E representar a faculdade no campeonato de xadrez.

Os Metolokos são seres invejáveis!

Os Metolokos são seres indesejáveis!

Os Metolokos são seres fascinantes!

Os Metolokos são seres repugnantes!

Um deles chegou uma vez absolutamente bêbado em casa,

Tirou toda a roupa do corpo, tirou todas as comidas

E bebidas que estavam na geladeira, derreou numa cadeira

Que estava na cozinha, apagou e acordou no dia seguinte

Com o barulho da sua mãe na cozinha preparando o café-da-manhã

Enquanto colocava todos os alimentos e bebidas de volta a geladeira

E observava atônita a porra do seu filho roncando pelado na cozinha

Numa típica manhã de puta frio do ABC.

O mesmo cara morou dois anos nos Estados Unidos,

Foi de Nova Iorque à Jamaica num carro alugado,

Perdeu-se numa boca jamaicana,

Quase foi vítima de um arrastão-estupro-canibalismo,

Esqueceu por quase dois dias onde havia estacionado o carro alugado

E além do mais voltou ao Brasil sem aprender a falar inglês.

Dogville,

de Lars Von Trier.

Telmo nos contou uma incrível história com um final inusitado

Na qual Telmo e outros Metolokos estavam numa balada meia-boca

E, ao saírem frustrados da balada, viram um conhecido deles

Recebendo uma punhetinha de uma mendiga bem no meio da rua.

Na mesma hora, os Metolokos se manifestaram:

“Porrrra, meeeeu, olha só o que o cara tá fazendo.”

A pergunta é: o que você acha que aconteceu depois disso?

Eu, se estivesse lá, diria: “Nossa, o cara é mó maluco,

Que nojento, filma esta porra!”

Nestor diria: “Eu não transo nem com virgem sem camisinha”.

Telmo disse: “Horrível, eu não vou conseguir dormir... de tanto rir.”

Os outros Metolokos disseram: “Eu sou o próximo”,

“Não, eu sou o próximo.”

“Linha!”

“Vamo tirá no dedos iguais.”

“Não, vamo fazê uma fila.”

“Quem chegá primeiro, é o próximo.”

“Demais, hoje alguém vai batê uma pra mim. Até que enfim.”

“Pergunta se ela chupa.”

A Última Noite,

de Spike Lee.

A intensidade da nossa desilusão

Estava tão exacerbada a ponto

De nos rendermos e nos juntarmos, em uma infeliz

Porém estranhamente rara e tragicômica ocasião,

A Telmo e seus Metolokos Boy’s em uma excursão de busão

Rumo a uma festa da Metodista num ginásio de São Paulo:

Festa da Bacardi.

Bacardi à vontade até o último que ficar em pé.

Entretanto, ainda no caminho para a festa,

Ou melhor, o erro, a Baikal começou a dar o seu show:

De horror.

Bully,

de Larry Clark.

A Baikal peregrinou de mão em mão.

Antes de beber,

A pessoa que no momento estava em posse da Baikal,

Tinha que gritar o seu nome e a sua cidade: Nestor, Guarujá.

A partir daí, os Metolokos garantiam a sua vergonha:

“Nestor!, Nestor!, Nestor!, vira!, vira, vira, hei, hei, hei...”

E você não tinha como fugir daquele ritual importado dos

Spring Breaks garotinhas católicas do Arkansas chupando

23 paus negros e 19 latinos antes de desmaiar por excesso de speed

E insolação numa praia da Costa Rica e voltar para os States

Para retomar contrariada o sonho de ser professora substituta.

Telmo, Guarujá.

“Telmo!, Telmo!, Telmo, vira, vira, vira, hei, hei, hei....”

E você não tinha como deixar que aquela vodka de macumba

Escorresse pelo seu queixo e, por reflexo, lhe provocasse

Um esgar facial nada fotogênico.

Cleck: “Bela foto!”

Uknown White Male, a True Story,

de Rupert Murray.

Francesco, Guarujá.

Pois é, o meu nome é Leonardo,

Mas disse que era Francesco, portanto:

“Francesco!, Francesco!, Francesco!, vira, vira, vira, hei, hei, hei...”

Mas eu não bebi.

Ninguém viu.

97% dos passageiros do busão já não confiavam mais no que estavam vendo

Ou não.

Um específico membro dos Metolokos vomitou pelo vidro do ônibus

O que me pareceu uma porção de bananas cortadas em rodelas

Sobre o teto solar de uma BMW.

“Fran... cesco, cara, posso te chamar só de Fran?”

“Pode.”

“Fran!, Fran!, Fran, vira, vira, vira, hei, hei, hei...”

A cada vez que escrevo este grito de guerra,

Mais ele me parece uma ode ao sexo anal.

O cara da banana em rodelas não conseguiu entrar.

O melhor amigo Metoloko do Telmo também não conseguiu entrar.

Depois eu meio que fiz uma rasa amizade com esse cara e descobri

Que ele curtia Rodolfo e E.T

“O Cd do Rodolfo e E.T.”

“Ahhh, tá bom, agora entendi, tá perdoado.”

Telmo resolveu fazer companhia aos Metolokos feridos.

Os Metolokos eram muito unidos.

O senso de irmandade exalava-lhes por todos os poros.

Menos quando rolava uma festa da Bacardi com Bacardi à vontade

Cheia de piranhas cheias de Bacardi

Exalando Bacardi por todos os orifícios.

Telmo foi o único Metoloko a não entrar na festa

Para auxiliar os amigos combalidos da mesma cepa.

Nós como bons amigos que somos e não Metolokos que somos

Lhe fizemos companhia.

Por 20 minutos, depois demos uma entrada para ver se realmente

Estávamos perdendo algo digno de histórias ulteriores.

E rapidamente intuímos que aquilo não acabaria... limpo.

Uma mesa preta gigante atulhada de Bacardi.

Sem filas, sem senhas, logo logo

Alguém seria encontrado sem calcinha

Com um rastro de vômito com sangue nas costas

E não lembraria disso no dia seguinte:

“Quem me comeu?”

As pessoas desmoronavam.

Os olhos desmoronavam.

Os cabelos desmoronavam nos olhos já pulverizados.

Pessoas rolavam das escadas.

Pessoas rolavam das escadas gelatinosas com os copos

Cheios de vodka levantados no ar.

“Eu posso cair, a Bacardi, não.”

Mamãe me dizia “nunca vá a churrascos à noite

Que começaram na hora do almoço.

Você não irá sorver uma gota da cerveja que trouxe e

A mina na qual você está apaixonado

Será sodomizada semi-desacordada

No chão frio da área de serviço

Pelo cara mais idiota da face da terra”.

Mãe é mãe.

Chegamos atrasados à babilônia Polo Play.

“Cheguei atrasado ao filme Amnésia e não entendi nada.”

“Comecei a assistir Lost na metade da terceira temporada

E achei uma bosta.”

“Os caras já tinham fumado cinco becks cada um.

É óbvio que não consegui convencê-los a adiantar o TCC.”

Nos filmes de apocalypse zumbi, se você ainda não se tornou um zumbi:

Fuja!

Numa pista de skate cheia de skatistas, se você for o único com um par de patins:

Fuja!

Na Pitangueiras num dia de ressaca

E cheia de surfistas pitboys analfabetos,

Se você for único morie cat:

Fuja!

Numa festa de Bacardi à vonts, se você chegar atrasado, e sóbrio:

Fuja!

Nós fugimos.

Fomos ficar com o Telmo.

Os Metolokos feridos também já tinham fugido.

Para os táxis que iriam levá-los às suas camas

Envoltas pela temida fragrância de mais uma largada queimada.

A primeira menina que saiu do clube deitou no gramado

Em frente ao clube com as pernas abertas.

Ela estava de mini-saia branca e o gramado tinha

Mais lama do que grama.

Um cara que estava passando pela calçada

Com o uniforme da Eletropaulo

Tentou abordá-la e tomou uma gorfada no rosto.

Outro cara que estava passando pela calçada

Com um pudoll bichona na coleira

Não acreditou no que tinha visto.

Voltou, se aproximou, abaixou o tronco, virou o pescoço e

Tentou ver de que cor era a calcinha da mina ou,

Quem sabe, se ela estava sem calcinha.

Dez minutos depois ele voltou.

Agora sem o pudoll bichona.

Agora com uma máquina fotográfica de filme.

Ele tirou pelo menos umas doze fotos.

Até que o enfermeiro da única ambulância interveio

E disse que, se ele não parasse, ele teria que chamar a polícia.

O enfermeiro foi até a menina, conversou com ela,

Levantou a menina da lama

Sem antes olhar por baixo da mini-saia dela

E a levou até a ambulância.

Parecia que vários cavalos haviam cagado sobre a mini-saia dela.

Três meninas saíram desmaiadas

E carregadas por quatro seguranças.

Uma mega-gorda saiu carregada por cinco seguranças a contragosto

Como se estivesse sendo destruída em um tablado de MMA

E contestasse a decisão do juiz de interromper a luta

E dar a vitória a seu oponente.

Três ambulâncias chegaram.

Mais trinta pessoas saíram carregadas.

Duas viaturas apareceram.

Três policiais espancavam na esquina próxima um cara com cassetetes.

A organizadora super gostosa da festa

Que usava o microfone da Sandy

Antes de confessar que dar o cu é de boa

Preferia naquele momento

Estar em casa dando o cu numa boa.

Cinco novas ambulâncias chegaram.

Vários caras brigavam a garrafadas.

Mais duas viaturas apareceram.

Um caminhão do corpo de bombeiros errou o endereço

E ficou por lá mesmo.

Enquanto isso, no olho do furacão da festa,

Uma menina despencava do terceiro andar do clube.

Ela quebrou a bacia.

Duas irmãs gêmeas só voltaram para casa

Duas semanas após a festa.

E no meio daquela bacanal sem sexo,

Três caras quase virgens do Guarujá

Eram os únicos que estavam se divertindo com aquilo tudo.

E um deles acabou vendo um par de seios bem bonitinho

Enquanto o comilão da mina a carregava para colocá-la no ônibus.

“O, brother, os peito da tua mina tão aparecendo aí, arruma isso.”

Há o lado bom de assistir à vida.

Sobre Café e Cigarros,

de Jim Jarmush.

O que Telmo via dentro de si

Enquanto olhava através do vidro embaçado do carro

A praia da Enseada erma sendo fustigada pela chuva?

Um Refúgio no Passado,

de Brad Macagann.

Será que ele pensava nos seus instrumentos analógicos

Nos quais pouco tocava e que nunca saiam de casa?

Será que alguma vez ele atinou para a ironia desse comportamento

Como metáfora para a própria existência?

O que havia dentro de mim além de ódio silencioso

Enquanto olhava no interior do meu obsoleto, asséptico e obscuro

Kangoo Motel para esse cartão postal mundial desprovido de árvores,

Com um povinho filho da puta,

Com ruas mais esburacadas

Do que o rosto do meu antigo professor de Geografia

Que também era um grande filho da puta

E um asqueroso ladrão de lanches dos alunos,

“Já que eu pedi para você não conversar,

E você conversou,

Eu vou tomar o seu refrigerante e a sua maçã,

E já que a maçã é um alimento perecível,

E o refrigerante esquentará e estragará,

Serei obrigado a saboreá-los durante o recreio”,

Dando voltas

E mais voltas

Em torno

Dos mesmos

Lugares

Como um cachorro

Com mania

De perseguir

E morder

O próprio rabo?

Havia a certeza que precede o fim de algo que prometia ser infinito:

O fim da minha música.

E a certeza que precede o começo de algo que promete ser infinito:

A porra das palavras.

A manutenção ingênua que crê na força das palavras

E por meio delas cria

A dialética das oposições.

A minoria que insurge-se contra a maioria

E torna-se a maioria

Provocando a mudança

Contínua

E inesgotável

Da sociedade.

Água e Pedra

Homem e Mulher

Deus e o Diabo

Buço e Busto

Allan Ball e Miguel Falabella

O Virgem de 40 Anos,

de Judd Apatow.

Dia e Noite

Sol e Lua

Paz e Estupro

Igreja e Aborto

Aldous Huxley e Paulo Coelho

Buena Vista Social Cub e Trio Los Angeles

Mesa de Bar e Mesa de Cirurgia

Academia Brasileira de Letras e Millôr Fernandes

Month Python e Zorra Total

Orgasmo e Câncer

Corrida e Punheta

Chupeta e Sexo Oral

Paz e Amor e Ordem e Progresso

Closer, Perto Demais,

de Mike Nichols, adaptação da obra de Patrick Marber.

Marlon Brando e Dado Dolabella

Patti Smith e Syang

Meg White e Zack Hill

Daniel Filho e Charlie Kaufman

Rocambole e Dhalsin

Pedro Bial e Noah Chonsky

Paul Newman e José Mayer

Yao Ming e Rick

Rodolfo (Raimundos) e Rodolfo (ex-Raimundos)

The Carpenters e The Shaggs

KLB e The Shaggs

Marta do futebol e Martha Suplicy

Maurício Manieri e Mayer Hawthorne

Hermes e Renato e Banana Mecânica

Truman Capote e Roberto Esper

Kamau e Cabal

Tarso de Castro e Boris Casoy

Woody Allen e Wolf Maya

Beastie Boys e R.K.F

Penélope (MTV) e Penélope Cruz

Ian MacKaye e Lobão

Pitty e Joan Jett

Irmãs Galvão e As Gêmeas do Pólo Aquático

Tom Jobim e Tom Cavalcante

MGTM e Grateful Dead

Ken Kesey e Padre Marcelo Rossi

Holden Caufield e Mark Chapman

Biafra e Jello Biafra

Villa Lobos e Vila Belmiro

Van Gogh e Vin Diesel

Miley Cyrus e Miles Davis

Rede Record e Editora Record

Troma Filmes e Globo Filmes

Jimmy Hendrix e Jimmy do Matanza

Café Photo e Puteiro da Vaquejada

Serguei e Mick Jagger

Nelson Rodrigues e Nelson Rubens

James Taylor e Taylor Swift

Deserto e Sauna

Nelson Rodrigues e Nelson Mandela

Carmelitas Reclusas e As Acorrentadas

Waking Life,

de Richard Linklater.

Michael Jackson e Vanessa Jackson

Rubens Ewald Filho e Pauline Kael

Suba e Supla

Os Trapalhões e Renato Aragão

Regras da Atração,

de Roger Avary, adaptação da obra de Bret Easton Ellis

Literatura Russa e Renato Russo

Libertines e The Clash

MoonWalker e Johnnie Walker

Bryan Adams e Ryan Adams

Daniel Radcliffe e Daniel Johnston

Phil Spector e Rick Bonadio

Frank Aguiar e Frank Zappa

Lenny Bruce e Lenine

Lênin e Lenine

Lenny Bruce e Lênin

Beto Barbosa e Beto Brant

Napoleão Bonaparte e Napoleon Dynamite

Anti-Herói Americano,

de Robert Pulcini e Shari Spring Berman, baseado na obra de Harvey Pekar.

Gravidez e Genocídio

Moderno e Sincero

T.V Aberta e Liberdade de Escolha

Hugo Chávez e Miss Venezuela

Dick Cheney e Philip K. Dick

Paz e Coma

Multishow e Showtime

Hitler e Ilha Bela

Reality Show e Realidade

Dom Quixote e Sancho Pança

Brasil e Brasil

Estados Unidos e Estados Unidos

Espanha e Espanha

Itália e Itália

França e França

Brasil e Brazil

Eu, Você e Todos Nós,

de Miranda July.

Estados Unidos e América

Generalização e Conhecimento de Causa

Arte e Arte

Olhar e Conhecer

Homem e Humano

Comunismo e Teoria do Comunismo

Teoria do Socialismo e Socialismo

Hippie e Neo-Hippie

Leis e Controle

Educação e Dinheiro

Livros e Inteligência

Vanguarda e Vanguart

Egoísmo e Vítima

Liberdade e Imprensa

Tranqüilidade e Solidão

Profissão e Amor

Sucesso e Originalidade

Originalidade e Sucesso

(Continua na próxima segunda-feira.)

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