A história de um breve romance indie cheio de putaria grudenta - Parte 3
Rick tinha 20 anos. Cristina tinha (X) anos. E isso já diz quase tudo. Não tudo. Esperem. Mas eles nunca tinham se visto. E depois de tudo que fizeram, e de tudo que poderiam ter feito, eles nunca mais se viram. Assim. Rick não sabia que a sua vida, depois de tudo que fizeram, e de tudo que poderiam ter feito, iria mudar para sempre. Atingir um prisma muito particular. Muito. Após a fatalidade deliberada, como se tivesse planejado o próprio assassinato, ou um sexo oral em si mesmo, nós, eu e os outros próximos, nunca mais olhamos para Rick do mesmo jeito. A partir da hecatombe, a partir do passo em falso consciente, ao desligar a chave da ponderação, do amor próprio, de pichar o muro da própria casa, de adulterar o combustível do próprio veículo, de bagunçar com a própria língua o glacê do bolo, percebemos que ele era capaz de fazer qualquer coisa para chamar a atenção. Para depois ficar bravo. Com as nossas risadas, nossos aplausos, nossos corredores poloneses sarristas, nossas ligações notívagas a olhos astronauticos sonolentos que estavam em outro planeta portanto não havia como visualizarem o estupro terráqueo, nossas pétalas de flores mortas jogadas no ar enquanto ele desfilava a contragosto, sorvendo o gosto metálico da própria insanidade, nos culpando por não apreciarmos o seu autoflagelo, um escravo de si mesmo, uma vítima da própria fama, arranhou barrigas com raiva, tirou sangue gelado de amigos que perdiam os dias para ganhar uma vaga para sexo em alguma faculdade longe de casa, ignorou a nossa piedade de não contra-atacar, um réu não confesso que foi pego em flagrante. Ele me culpa por tudo. Eles me culpam por tudo. Dizem que fui eu que criei o monstro. Mas eu sei o nome disso: inveja. Eu trocaria todos os lugares certos nas horas certas pelo lugar certo na hora certa que foi imposto a mim. Será? Será que a minha história é fantasiosa? Será que a fantasia pode ser real? Como faz? Como faço?
Rick, torça para que nenhum de nós esteja insensivelmente bêbado ao fazer um brinde especial na sua futura festa de casamento.
Em algum sábado de junho de 2004
E os meus sábados em 2004 eram segundas para pessoas com sábados.
Livre, desimpedido e refém de mim mesmo.
Mesmo.
Refém do Nestor.
Do Telmo.
Ambos meus reféns.
Ambos reféns de si
Mesmo.
Não é novidade.
E nós.
Nos conformamos com as limitações da nossa
Própria miséria.
Veja só.
Nós comíamos bem.
Telmo não comia tão bem como come hoje.
Veja só.
Comíamos comida.
E só.
Já me viu?
Não sabe.
No cinema sozinho assistindo ao filme Invasões Bárbaras.
Chorei.
Ninguém viu.
Sozinho.
Sessão de sábado 13h45.
Almoço no MEC.
Donald’s.
“Dois queijos quentes, uma batata-frita grande e uma Coca-Cola média.”
Esses eram os melhores sábados.
Kill Bill foi assim.
Saía da faculdade.
Aulas no sábado.
Primeiro semestre.
Autodescoberta que alguma coisa que nunca vi dormia em mim.
Doença?
Ainda faltava um mês e meio para eu começar a pegar uma pá.
De mina.
(S.)
Ia a pé.
Canal 1 até o Canal 6.
Flanava, via, gostava e voltava.
Limbo?
Eu gostava de todos os filmes que via no cinema porque eu só ia ao cinema para assistir aos filmes que sabia que ia gostar.
Nem tudo precisava ter decepção.
Nós íamos ao cinema juntos.
Rodízio de pizza juntos.
Enquanto todos vocês transavam.
Por aí.
Os piores sábados não vinham e iam a pé.
Eram guiados por um Kangoo-motel:
Sem clientela.
Cardápio:
Cara amassada das 6:00.
Sinais incipientes de abuso alcoólico.
Papadas e semblante de surra.
Pré-Sábado abusivo:
Cachaçarias e festas em quitinetes.
Nada de sexo.
Cinebiografia do Cazuza
Em televisores penteadeira.
Papel de Anais Nin e do MST
Na sociedade de consumo.
Faltava uma arma de fogo.
Na boca.
Ou uma tesoura para cortar a rede da sacada.
Ou as orelhas.
Balsa.
Nestor ficava na Conselheiro Nébias.
Eu:
Canal 1.
Volta.
Eu saía do Canal 1.
Nestor saía da Conselheiro.
Autodescoberta que alguma coisa que nunca viu dormia em Nestor.
Doença?
Balsa.
Passada na locadora.
Talvez o ponto alto
Dos sábados mais baixos
No meu infame ibope.
O Tempo de Cada Um,
de Sophia Miller.
Conte Comigo,
de Kenneth Lonergan.
À noite Rocambole passava duas horas nos enrolando até de fato passar de fato. Rocambole de 2004 não era tão rocambolesco como o Rocambole atual.
Vectra azul marinho quatro portas dois ponto zero farol claro.
Som potente quase sempre Outkast fase Speakerboxxx/The Love Below.
“Rola de novo Church!”
“Rola de novo Church!”
“... novo Church!”
“Church!”
Prova de Amor,
de David Gordon Green.
Um giro de 360 graus na entrada da Lucky Scope.
“Entrar pra quê?”
“Nós só vamos perder dinheiro de novo
e arrumar outra briga por frustração.”
Irreversível,
de Gaspar Noé.
Dois giros de 360 graus na entrada da Lucky Scope.
“Olha aquela mina.”
“Olha aquela mina.”
“Vamo entrá?”
“Olha aquela.”
“Semana que vem não tem jeito.
Combinado?
Nós vamo entrá!”
Amar é: Claque!
Lucky Scope é: Claque!
Lucky Scope era:
“não”,
“não”,
dança,
“apavora o gordinho”,
“apavora o gordinho”,
“Eu to suando pra caralho!”
“Arranca o telhado.”
“não”,
“uma breja”,
“outra breja”,
“mais uma”,
“mais duas”,
“mais cinco”,
“O gordinho caiu,
o gordinho caiu”,
“mais... mais... mais...”,
“Que música é essa?”
“olha a conta”,
“Quê?”,
“E essa?”
“O Rocambole arrumou briga com um japa”,
“Quê?”
“Olha a fila pra pagá a conta!”
“Quê?”
“Olha a fila pra usá o banheiro.”
“Quê?”
“Eu não conheço nenhuma música nessa porra!”
“Eu não podia te ficado em casa?!”
“Aquela mina que pagou de gatinha lá dentro tá no ponto de ônibus.”
“Vai de 77 memo sua filha duma puta!”
Cabeça Grávida de Trigêmeos disse na fila que “a mina ali falou que eu pareço o Erick Marmo”.
Sei.
Solitário Jim,
de Steve Buscemi.
“Vamo rodá o Tombo de carro.”
“E depois?”
“Astúrias.”
“E?”
“Pitangueiras.”
“Não tem ninguém no Tombo.”
“Não tem ninguém nas Astúrias.”
“Diminui, diminui,
Para, porra, para,
Olha aquelas mina ali,
Leonardo, põe a bunda pra fora do vidro do carro,
Rocambole, pede informação, caralho, pede informação”,
“Já vo, porra!”
“Eu já to com a bunda pra fora...
Vai logo, caralho!, tá chuviscando na minha bunda.”
“Cala a boca, Rick, não deixa o Rick abordá.”
“Ééeeee, o Rick queima o filme.”
“Oi, por favor, vocês podem me dá uma informação?”
“Shhhhhh, elas tão vindo...”
“Oi.”
“Tudo bom?”
“Tudo.”
“Por favor, você sabe como eu faço pra chegá
Até o clube Vila Souza?”
“Então, você vira à... ahhhh, nãaaao, que nojo!”
O Mundo de Leland,
de Matthew Ryan Hoge.
O Último Beijo,
de Gabriele Muccino.
Eu queria descobrir o que eles viam quando olhavam pra fora.
O que eles viam em si quando olhavam pra fora.
Será que Nestor já estava imaginando como seria ficar apaixonado?
Será que Elisa já estava crescendo dentro dele?
Será que Elisa já o fazia ‘crescer’?
Quem é Elisa?
Peraí, só mais uma coisa: ela existe?
Telmo meio que enlouqueceu quando foi pra faculdade.
Continuou não pegando ninguém,
Mas decorou todas as músicas do Chiclete com Banana
E passou a usar constantemente uma camiseta da Faculdade Metodista abóbora
Na qual se lia a exortação: Toda Poderosa Metô.
Heróis Imaginários,
de Dan Harris.
Ele se considerava um Metoloko.
Os Metolokos reuniam-se em micaretas,
usavam bandanas estampadas
E se divertiam pegando gordas suadas em público.
Eles iam para o JUCA encher a cara com vodka barata
E representar a faculdade no campeonato de xadrez.
Os Metolokos são seres invejáveis!
Os Metolokos são seres indesejáveis!
Os Metolokos são seres fascinantes!
Os Metolokos são seres repugnantes!
Um deles chegou uma vez absolutamente bêbado em casa,
Tirou toda a roupa do corpo, tirou todas as comidas
E bebidas que estavam na geladeira, derreou numa cadeira
Que estava na cozinha, apagou e acordou no dia seguinte
Com o barulho da sua mãe na cozinha preparando o café-da-manhã
Enquanto colocava todos os alimentos e bebidas de volta a geladeira
E observava atônita a porra do seu filho roncando pelado na cozinha
Numa típica manhã de puta frio do ABC.
O mesmo cara morou dois anos nos Estados Unidos,
Foi de Nova Iorque à Jamaica num carro alugado,
Perdeu-se numa boca jamaicana,
Quase foi vítima de um arrastão-estupro-canibalismo,
Esqueceu por quase dois dias onde havia estacionado o carro alugado
E além do mais voltou ao Brasil sem aprender a falar inglês.
Dogville,
de Lars Von
Telmo nos contou uma incrível história com um final inusitado
Na qual Telmo e outros Metolokos estavam numa balada meia-boca
E, ao saírem frustrados da balada, viram um conhecido deles
Recebendo uma punhetinha de uma mendiga bem no meio da rua.
Na mesma hora, os Metolokos se manifestaram:
“Porrrra, meeeeu, olha só o que o cara tá fazendo.”
A pergunta é: o que você acha que aconteceu depois disso?
Eu, se estivesse lá, diria: “Nossa, o cara é mó maluco,
Que nojento, filma esta porra!”
Nestor diria: “Eu não transo nem com virgem sem camisinha”.
Telmo disse: “Horrível, eu não vou conseguir dormir... de tanto rir.”
Os outros Metolokos disseram: “Eu sou o próximo”,
“Não, eu sou o próximo.”
“Linha!”
“Vamo tirá no dedos iguais.”
“Não, vamo fazê uma fila.”
“Quem chegá primeiro, é o próximo.”
“Demais, hoje alguém vai batê uma pra mim. Até que enfim.”
“Pergunta se ela chupa.”
A Última Noite,
de Spike Lee.
A intensidade da nossa desilusão
Estava tão exacerbada a ponto
De nos rendermos e nos juntarmos, em uma infeliz
Porém estranhamente rara e tragicômica ocasião,
A Telmo e seus Metolokos Boy’s em uma excursão de busão
Rumo a uma festa da Metodista num ginásio de São Paulo:
Festa da Bacardi.
Bacardi à vontade até o último que ficar em pé.
Entretanto, ainda no caminho para a festa,
Ou melhor, o erro, a Baikal começou a dar o seu show:
De horror.
Bully,
de Larry Clark.
A Baikal peregrinou de mão em mão.
Antes de beber,
A pessoa que no momento estava em posse da Baikal,
Tinha que gritar o seu nome e a sua cidade: Nestor, Guarujá.
A partir daí, os Metolokos garantiam a sua vergonha:
“Nestor!, Nestor!, Nestor!, vira!, vira, vira, hei, hei, hei...”
E você não tinha como fugir daquele ritual importado dos
Spring Breaks garotinhas católicas do Arkansas chupando
23 paus negros e 19 latinos antes de desmaiar por excesso de speed
E insolação numa praia da Costa Rica e voltar para os States
Para retomar contrariada o sonho de ser professora substituta.
Telmo, Guarujá.
“Telmo!, Telmo!, Telmo, vira, vira, vira, hei, hei, hei....”
E você não tinha como deixar que aquela vodka de macumba
Escorresse pelo seu queixo e, por reflexo, lhe provocasse
Um esgar facial nada fotogênico.
Cleck: “Bela foto!”
Uknown White Male, a True Story,
de Rupert Murray.
Francesco, Guarujá.
Pois é, o meu nome é Leonardo,
Mas disse que era Francesco, portanto:
“Francesco!, Francesco!, Francesco!, vira, vira, vira, hei, hei, hei...”
Mas eu não bebi.
Ninguém viu.
97% dos passageiros do busão já não confiavam mais no que estavam vendo
Ou não.
Um específico membro dos Metolokos vomitou pelo vidro do ônibus
O que me pareceu uma porção de bananas cortadas em rodelas
Sobre o teto solar de uma BMW.
“Fran... cesco, cara, posso te chamar só de Fran?”
“Pode.”
“Fran!, Fran!, Fran, vira, vira, vira, hei, hei, hei...”
A cada vez que escrevo este grito de guerra,
Mais ele me parece uma ode ao sexo anal.
O cara da banana em rodelas não conseguiu entrar.
O melhor amigo Metoloko do Telmo também não conseguiu entrar.
Depois eu meio que fiz uma rasa amizade com esse cara e descobri
Que ele curtia Rodolfo e E.T
“O Cd do Rodolfo e E.T.”
“Ahhh, tá bom, agora entendi, tá perdoado.”
Telmo resolveu fazer companhia aos Metolokos feridos.
Os Metolokos eram muito unidos.
O senso de irmandade exalava-lhes por todos os poros.
Menos quando rolava uma festa da Bacardi com Bacardi à vontade
Cheia de piranhas cheias de Bacardi
Exalando Bacardi por todos os orifícios.
Telmo foi o único Metoloko a não entrar na festa
Para auxiliar os amigos combalidos da mesma cepa.
Nós como bons amigos que somos e não Metolokos que somos
Lhe fizemos companhia.
Por 20 minutos, depois demos uma entrada para ver se realmente
Estávamos perdendo algo digno de histórias ulteriores.
E rapidamente intuímos que aquilo não acabaria... limpo.
Uma mesa preta gigante atulhada de Bacardi.
Sem filas, sem senhas, logo logo
Alguém seria encontrado sem calcinha
Com um rastro de vômito com sangue nas costas
E não lembraria disso no dia seguinte:
“Quem me comeu?”
As pessoas desmoronavam.
Os olhos desmoronavam.
Os cabelos desmoronavam nos olhos já pulverizados.
Pessoas rolavam das escadas.
Pessoas rolavam das escadas gelatinosas com os copos
Cheios de vodka levantados no ar.
“Eu posso cair, a Bacardi, não.”
Mamãe me dizia “nunca vá a churrascos à noite
Que começaram na hora do almoço.
Você não irá sorver uma gota da cerveja que trouxe e
A mina na qual você está apaixonado
Será sodomizada semi-desacordada
No chão frio da área de serviço
Pelo cara mais idiota da face da terra”.
Mãe é mãe.
Chegamos atrasados à babilônia Polo Play.
“Cheguei atrasado ao filme Amnésia e não entendi nada.”
“Comecei a assistir Lost na metade da terceira temporada
E achei uma bosta.”
“Os caras já tinham fumado cinco becks cada um.
É óbvio que não consegui convencê-los a adiantar o TCC.”
Nos filmes de apocalypse zumbi, se você ainda não se tornou um zumbi:
Fuja!
Numa pista de skate cheia de skatistas, se você for o único com um par de patins:
Fuja!
Na Pitangueiras num dia de ressaca
E cheia de surfistas pitboys analfabetos,
Se você for único morie cat:
Fuja!
Numa festa de Bacardi à vonts, se você chegar atrasado, e sóbrio:
Fuja!
Nós fugimos.
Fomos ficar com o Telmo.
Os Metolokos feridos também já tinham fugido.
Para os táxis que iriam levá-los às suas camas
Envoltas pela temida fragrância de mais uma largada queimada.
A primeira menina que saiu do clube deitou no gramado
Em frente ao clube com as pernas abertas.
Ela estava de mini-saia branca e o gramado tinha
Mais lama do que grama.
Um cara que estava passando pela calçada
Com o uniforme da Eletropaulo
Tentou abordá-la e tomou uma gorfada no rosto.
Outro cara que estava passando pela calçada
Com um pudoll bichona na coleira
Não acreditou no que tinha visto.
Voltou, se aproximou, abaixou o tronco, virou o pescoço e
Tentou ver de que cor era a calcinha da mina ou,
Quem sabe, se ela estava sem calcinha.
Dez minutos depois ele voltou.
Agora sem o pudoll bichona.
Agora com uma máquina fotográfica de filme.
Ele tirou pelo menos umas doze fotos.
Até que o enfermeiro da única ambulância interveio
E disse que, se ele não parasse, ele teria que chamar a polícia.
O enfermeiro foi até a menina, conversou com ela,
Levantou a menina da lama
Sem antes olhar por baixo da mini-saia dela
E a levou até a ambulância.
Parecia que vários cavalos haviam cagado sobre a mini-saia dela.
Três meninas saíram desmaiadas
E carregadas por quatro seguranças.
Uma mega-gorda saiu carregada por cinco seguranças a contragosto
Como se estivesse sendo destruída em um tablado de MMA
E contestasse a decisão do juiz de interromper a luta
E dar a vitória a seu oponente.
Três ambulâncias chegaram.
Mais trinta pessoas saíram carregadas.
Duas viaturas apareceram.
Três policiais espancavam na esquina próxima um cara com cassetetes.
A organizadora super gostosa da festa
Que usava o microfone da Sandy
Antes de confessar que dar o cu é de boa
Preferia naquele momento
Estar em casa dando o cu numa boa.
Cinco novas ambulâncias chegaram.
Vários caras brigavam a garrafadas.
Mais duas viaturas apareceram.
Um caminhão do corpo de bombeiros errou o endereço
E ficou por lá mesmo.
Enquanto isso, no olho do furacão da festa,
Uma menina despencava do terceiro andar do clube.
Ela quebrou a bacia.
Duas irmãs gêmeas só voltaram para casa
Duas semanas após a festa.
E no meio daquela bacanal sem sexo,
Três caras quase virgens do Guarujá
Eram os únicos que estavam se divertindo com aquilo tudo.
E um deles acabou vendo um par de seios bem bonitinho
Enquanto o comilão da mina a carregava para colocá-la no ônibus.
“O, brother, os peito da tua mina tão aparecendo aí, arruma isso.”
Há o lado bom de assistir à vida.
Sobre Café e Cigarros,
de Jim Jarmush.
O que Telmo via dentro de si
Enquanto olhava através do vidro embaçado do carro
A praia da Enseada erma sendo fustigada pela chuva?
Um Refúgio no Passado,
de Brad Macagann.
Será que ele pensava nos seus instrumentos analógicos
Nos quais pouco tocava e que nunca saiam de casa?
Será que alguma vez ele atinou para a ironia desse comportamento
Como metáfora para a própria existência?
O que havia dentro de mim além de ódio silencioso
Enquanto olhava no interior do meu obsoleto, asséptico e obscuro
Kangoo Motel para esse cartão postal mundial desprovido de árvores,
Com um povinho filho da puta,
Com ruas mais esburacadas
Do que o rosto do meu antigo professor de Geografia
Que também era um grande filho da puta
E um asqueroso ladrão de lanches dos alunos,
“Já que eu pedi para você não conversar,
E você conversou,
Eu vou tomar o seu refrigerante e a sua maçã,
E já que a maçã é um alimento perecível,
E o refrigerante esquentará e estragará,
Serei obrigado a saboreá-los durante o recreio”,
Dando voltas
E mais voltas
Em torno
Dos mesmos
Lugares
Como um cachorro
Com mania
De perseguir
E morder
O próprio rabo?
Havia a certeza que precede o fim de algo que prometia ser infinito:
O fim da minha música.
E a certeza que precede o começo de algo que promete ser infinito:
A porra das palavras.
A manutenção ingênua que crê na força das palavras
E por meio delas cria
A dialética das oposições.
A minoria que insurge-se contra a maioria
E torna-se a maioria
Provocando a mudança
Contínua
E inesgotável
Da sociedade.
Água e Pedra
Homem e Mulher
Deus e o Diabo
Buço e Busto
Allan Ball e Miguel Falabella
O Virgem de 40 Anos,
de Judd Apatow.
Dia e Noite
Sol e Lua
Paz e Estupro
Igreja e Aborto
Aldous Huxley e Paulo Coelho
Buena Vista Social Cub e Trio Los Angeles
Mesa de Bar e Mesa de Cirurgia
Academia Brasileira de Letras e Millôr Fernandes
Month Python e Zorra Total
Orgasmo e Câncer
Corrida e Punheta
Chupeta e Sexo Oral
Paz e Amor e Ordem e Progresso
Closer, Perto Demais,
de Mike Nichols, adaptação da obra de Patrick Marber.
Marlon Brando e Dado Dolabella
Patti Smith e Syang
Meg White e Zack Hill
Daniel Filho e Charlie Kaufman
Rocambole e Dhalsin
Pedro Bial e Noah Chonsky
Paul Newman e José Mayer
Yao Ming e Rick
Rodolfo (Raimundos) e Rodolfo (ex-Raimundos)
The Carpenters e The Shaggs
KLB e The Shaggs
Marta do futebol e Martha Suplicy
Maurício Manieri e Mayer Hawthorne
Hermes e Renato e Banana Mecânica
Truman Capote e Roberto Esper
Kamau e Cabal
Tarso de Castro e Boris Casoy
Woody Allen e Wolf Maya
Beastie Boys e R.K.F
Penélope (MTV) e Penélope Cruz
Ian MacKaye e Lobão
Pitty e Joan Jett
Irmãs Galvão e As Gêmeas do Pólo Aquático
Tom Jobim e Tom Cavalcante
MGTM e Grateful Dead
Ken Kesey e Padre Marcelo Rossi
Holden Caufield e Mark Chapman
Biafra e Jello Biafra
Villa Lobos e Vila Belmiro
Van Gogh e Vin Diesel
Miley Cyrus e Miles Davis
Rede Record e Editora Record
Troma Filmes e Globo Filmes
Jimmy Hendrix e Jimmy do Matanza
Café Photo e Puteiro da Vaquejada
Serguei e Mick Jagger
Nelson Rodrigues e Nelson Rubens
James Taylor e Taylor Swift
Deserto e Sauna
Nelson Rodrigues e Nelson Mandela
Carmelitas Reclusas e As Acorrentadas
Waking Life,
de Richard Linklater.
Michael Jackson e Vanessa Jackson
Rubens Ewald Filho e Pauline Kael
Suba e Supla
Os Trapalhões e Renato Aragão
Regras da Atração,
de Roger Avary, adaptação da obra de Bret Easton Ellis
Literatura Russa e Renato Russo
Libertines e The Clash
MoonWalker e Johnnie Walker
Bryan Adams e Ryan Adams
Daniel Radcliffe e Daniel Johnston
Phil Spector e Rick Bonadio
Frank Aguiar e Frank Zappa
Lenny Bruce e Lenine
Lênin e Lenine
Lenny Bruce e Lênin
Beto Barbosa e Beto Brant
Napoleão Bonaparte e Napoleon Dynamite
Anti-Herói Americano,
de Robert Pulcini e Shari Spring Berman, baseado na obra de Harvey Pekar.
Gravidez e Genocídio
Moderno e Sincero
T.V Aberta e Liberdade de Escolha
Hugo Chávez e Miss Venezuela
Dick Cheney e Philip K. Dick
Paz e Coma
Multishow e Showtime
Hitler e Ilha Bela
Reality Show e Realidade
Dom Quixote e Sancho Pança
Brasil e Brasil
Estados Unidos e Estados Unidos
Espanha e Espanha
Itália e Itália
França e França
Brasil e Brazil
Eu, Você e Todos Nós,
de Miranda July.
Estados Unidos e América
Generalização e Conhecimento de Causa
Arte e Arte
Olhar e Conhecer
Homem e Humano
Comunismo e Teoria do Comunismo
Teoria do Socialismo e Socialismo
Hippie e Neo-Hippie
Leis e Controle
Educação e Dinheiro
Livros e Inteligência
Vanguarda e Vanguart
Egoísmo e Vítima
Liberdade e Imprensa
Tranqüilidade e Solidão
Profissão e Amor
Sucesso e Originalidade
Originalidade e Sucesso
(Continua na próxima segunda-feira.)
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