segunda-feira, 27 de junho de 2011
Os 1001 ensinamentos, lucubrações e idiossincrasias do Solitário Corredor
Número 1
Quem vê, pensa: “vou começar a correr para ver se arranjo uma mulher que me aqueça no frio e que tire a minha roupa e lamba o meu suor no verão”. Quem vê filme hollywoodiano, pensa: “não existe gente assim, não há tamanha interação que gere, em tempo recorde, uma relação sexual com tanta simplicidade”. Quem corre no Parque do Ibirapuera, diz: “tem muita gostosa por aqui”. Quem corre no Guarujá, na orla da praia, fora de temporada, pede: “tomara que eu não seja assaltado, já estou sem relógio, sem corrente, sem Ipod, correndo descalço, sem shorts, sem camiseta e só de samba-canção - só falta um louco ou uma gorda alucinada querer me estruprar”. Quem corre, sua. Ou, como diria Heleno de Prado, o poeta do mangue, “quem corre, soa”. Porque suor por todo o corpo só é sexy em pessoas que são sexy's até cobertas de merda. Letícia Spiller suada: encaro (com prazer!). Suzana Vieira suada: passo, deve parecer um churros estragado pelo verão. Dani Bananinha cagada: sem pestanejar (as enfermeira(o)s limpam bosta de gente doente e, cá entre nós, além de serem mal remunerada(o)s ao exercerem tamanho sacrifício nauseabundo, os seus pacientes não chegam nem a um décimo da gostosura contida nos 53kg magnificamente distribuídos em 1,66 de altura, 69cm de cintura, 88cm de busto e 91 cm de quadril de Dani Bananinha)!
Jamais presenciei e nem ao menos soube de alguém que tenha paquerado outro alguém na hora da corrida e dessa intersecção casual tenha vindo à luz algo relevante: Sexo. Ou, como questionaria Juquinha, um gentleman de fino trato: “Sexo Anal?”. Em contrapartida, o meio em que vivo e as pessoas com quem ando não podem servir de parâmetro em um mundo marcado a sangue pela sacanagem interesseira e pela sacanagem por atributos – aqui, na Carlos Nehring, não temos nada que lhe interesse e somos destituídos de qualquer atributo que possa lhe interessar à primeira vista. Eu? Eu não paquero. Eu ajo. E quase sempre erro. O alvo. O tom. Tanto da conversa quanto da voz. O penteado. Ou o corte. Do cabelo ou da roupa. Só por ter nascido, eu já saio em desvantagem. Graças às malucas, pude perder a virgindade. E à bebida. Às drogas. E o que elas fazem com a cabeça das pessoas. As lembranças se apagam e parece que nada aconteceu. Conta-se a todo mundo e fica a impressão que nada que se faça irá fazer com que as pessoas acreditem que você realmente fez. Essa é a origem da mentira verdadeira. Ou da verdade ultra-subestimada. Discos voadores brilham no céu nas madrugadas das grandes cidades. Parentes já falecidos assaltam a geladeira de madrugada. Professoras em trajes sumários deixam à mostra a microcalcinha na aula de antropologia. Namoradas de amigos os traem na escuridão do cinema com direito à felação. Subitamente: um bacanal. Subitamente: uma empregada gostosa aparece e se despe num significante estalar de dedos. Subitamente: uma bela teta se solta no fundo da piscina. Mas não há testemunhas. Quando há testemunhas, ou elas estão inconscientes ou xavecando uma mendiga ou xavecando a cobradora do ônibus de cabelo asa-delta ou xavecando a tia do cachorro-quente ou correndo destrambelhadamente nuas pelas ruas apinhadas de alcoólatras mirins ou fumando o sétimo beck do dia só pela força do hábito ou se masturbando à noite no cantão da praia do Tombo pensando naquela prima gostosa que morreu ao voltar bêbada de uma balada depois de ficar com um cara parecido comigo e que com toda a certeza contou para todo mundo e óbvio que ninguém nunca acreditou nele, ninguém estava lá de fato para ver, nunca mais ele terá a chance de vê-la à distância para bater no braço dos que estão em volta e apontar o dedo e dizer “é aquela daquela noite” e pensar e não externar: “Nem morta ela irá confessar o que fez comigo”.
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Um comentário:
mentirosos compulsivos existem de montão!São encantadores, dissimulados e sem juízo!!! Acredita quem quer cara e o que vale é você saber (o contador de historias)...Será que viajei?O Guaru da violento mesmo, triste né.
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