segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os 1001 ensinamentos, lucubrações e idiossincrasias do solitário corredor

Número 2

Correr bêbado não é legal. Traz má reputação. Dar de cara no poste não o deixará mais bonito. Ou, se pensarmos bem, dependendo da qualidade da máscara que Deus lhe concedeu (“ah, os meus amigos me acham parecido com o Puyol”) há uma possibilidade, embora ínfima, de uma melhora no visual. Afinal de contas, a plástica do pobre é o acidente! Todo acidente é uma loteria! Perder um olho e colocar um tapa-olho: excentricidade e mistério. A mina vai olhar, enquanto você corre, e pensar com os dois botões que ela possui: “Que pirata misterioso” (para quem não é gostoso, ser misterioso é o caminho). Talvez... “Que babaca pretensioso!” (para quem não tem nada, a pretensão pode ser sua maior aliada – Ex: “Uma piada típica de Wall Street, hahahahaha”; “Manda o Matthew Barney chupar um caralho!”; “Quem mesmo? Comi. Hã? Comi. Não sei, peraí... uhhhh... ah, claro, comi. Comi. Comi. Comi. Comi a família toda”. Que tal... “Quem não tem um olho mesmo? Há, o David Bowie. Hummm, ele pode ser o meu David Bowie, mesmo barrigudo” (se bem que essa última reflexão pode ser fruto da imaginação de um pederasta).

Eu tenho uma cicatriz no rosto, sob o olho esquerdo, nada muito evidente, que pode ser considerada um charme, já que a falta de charme é a minha principal característica. Quando eu tinha 12 anos, dei de cara na lixeira em uma partida de futebol disputada na rua – a mítica (pra ninguém!) Doutor Carlos Nehring. Digamos que eu estava embriagado, não pelo álcool, mas pelo anseio de vencer a qualquer custo. O meu time perdeu e a minha cara ficou parecendo... “uma buceta!”, melífluas palavras de incentivo proferidas pelo meu pai logo após o acidente. Ironicamente, essa foi a primeira buceta a ficar na minha cara. Se não fosse pela confusão que o álcool e as drogas “não asquerosas” proporcionam na visão das mulheres, teria sido a única. Portanto, o que nos resta além de celebrarmos a existência do álcool e das drogas “não asquerosas” (asquerosas: pedra – chá de fita – cocaína – óxi - sopro do diabo – Lobão – Detonautas – Matanza – Gloria Kalil – Xuxa – 30 Seconds For Mars – José Simão – Katy Perry Ao Vivo – Katy Perry em estúdio – Paulo Vinícius Coelho – Ivete Sangalo... viva – Claudia Leite... opinativa – Esquerda... capitalista – CONAR – ONU – FMI – SFC – SPFC – Orquestra Legião Urbana – Bruno ‘Mashup’ Mazzeo – Independência Studio SP etc?) Quase nada. Videogame? Cerveja? Amendoim? Rir com os amigos? Fumar um com os amigos? Fumar um um dia inteiro com os amigos? Fumar um um dia inteiro sozinho com um engradado de cerveja e um pacote de um quilo de Amendorato? Livrarias? Ouvir música? São Paulo no feriado? Assistir a filmes bons? Assistir a séries legais? Corinthians? Futebol? Falar mal de alguém que ao mesmo tempo está falando mal da gente? Olhar bundas? (parafraseando um rapper mais conhecido pelo palitinho de marfim: “bundas, bundas, muitas bundas, bundas grandes, enormes, bundas pretas, bundas brancas, bundas com sardas, bundas com verrugas, verrugas nas bundas, bundalabundalabunda...” Parafraseando um conhecido que não terá o seu nome publicado para salvaguardar a sua reputação: “Cus, cus arrombados, cus sangrando, cus de vaca, todas as vacas e todos os cus sangrando, cus de cabrito, cus de porca, enfia a porca no cu da porca, jumentos e cus, cus coloridos, cus de pelúcia, cus assados, cus refogados, cus fritos, cus à parmegiana, cus empanados, cus e túneis, túneis de cus, cus com nome de túneis, túneis com o nome de cus, cus que falam, cus que traduzem direto do latim, cus que latem em latim, cus que cantam, coral de cus que com os cus cantam sobre cus asiáticos exilados na Itália que vendem pirataria de cus para todas as pessoas do mundo que gostam de cu etc e cu) Olhar peitos? Pensar no amor? Pensar em sexo? Pensar em sexo mais uma vez? Macarronada? Pensar em sexo mais uma vez? (Contudo já temos três punhetas num curto espaço de tempo.) Correr no final da tarde? viajar... Só nos basta celebrar o álcool. Celebrar as drogas não asquerosas. E torcer para que estejamos no lugar certo, na hora certa e com o espírito certo. Em outras palavras, não beba. Esteja alerta e reze para elas encherem a cara e fumarem tudo e escolherem você como um “bom bizarro inconseqüente engraçado” motivo para uma aposta.

(Semana que vem, o último capítulo de A história de um breve romance indie cheio de putaria grudenta. Será?)

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